Se você, assim como eu, comeu poeira e não conseguiu ir ao cinema para assistir o primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar na história, fique tranquilo. Podemos assistir no conforto de casa e ainda gozar do direito de pausar e voltar a assistir quando quiser (obrigado streaming, rs).
Mas, Leonardo, agora você vai falar sobre cinema nos seus textos? Não, haha. Meu negócio aqui é outro, planejamento patrimonial, sucessão familiar e governança, lembra? Então o que podemos aprender com o filme “Ainda Estou Aqui” de 2024? Na verdade, eu não quero comentar sobre o filme; e sim sobre o cineasta Walter Moreira Salles Júnior. Diretor e produtor brasileiro, ele é o responsável pelo lançamento do filme e de tantos já conhecidos do cinema brasileiro, como Central do Brasil (1998), Abril Despedaçado (2001), Diários de Motocicleta (2004), Água Negra (2005), Na Estrada (2012), entre outros.
Eu encaro Walter Salles como o exemplo ideal de sucessão familiar no Brasil. Membro da família Moreira Salles, uma das fundadoras do Unibanco (que foi fundido posteriormente com o Itaú), Walter faz parte de um sistema de gestão onde a preparação dos herdeiros, bem como os treinamentos e ferramentas de governança, funcionam e são estruturas básicas do funcionamento saudável do Itaú Unibanco. As famílias associadas que fizeram parte dessa fusão encaram um dos maiores desafios da gestão empresarial: a governança familiar. Economista de formação, o renomado cineasta também administra sua herança como um dos herdeiros do banco, protegendo o patrimônio concomitantemente com sua paixão pelo cinema.
Muita gente acredita não ser possível manter simultaneamente o negócio familiar e a carreira no cinema, mas sua trajetória demonstra o contrário. Walter tem papel importante na vida corporativa, inclusive sendo consultado em questões relevantes como pautas culturais, sociais e práticas ESG, como a mitigação de impactos ambientais, implementação de melhores práticas administrativas, sustentabilidade e gestão de recursos, etc. Aprender sobre a história de Walter Salles, é quebrar alguns tabus sobre o papel do herdeiro na empresa da família. Ser ativo e participante nas decisões estratégicas não impediu que o diretor investisse tempo, dinheiro e paixão naquilo que sempre quis.
E se Walter não quisesse trabalhar ativamente na empresa e quisesse apenas ser diretor de cinema, como seria?
Diversos são os papéis dos herdeiros. Existem aqueles que estão nas áreas estratégicas, outros nas áreas de gestão, outros no operacional, outros nos conselhos consultivos e existem ainda aqueles herdeiros que são apenas cotistas com direito aos lucros e dividendos estabelecidos nas reuniões, e não participam ativamente do negócio. Mas não deixam de ser herdeiros.
A princípio, podemos achar que apenas uma conversa pode “organizar” as coisas na família. No entanto, não é assim que acontece; e os exemplos de sucesso nos ensinam os melhores caminhos. Estamos acostumados a ver e ouvir histórias de brigas familiares que culminaram em falências absurdas, ou vendas desesperadas. Uma boa gestão de conflitos impede que assuntos perigosos ou que comprometam as tomadas de decisão cresçam, além de não alimentar a famosa rádio-peão. Na governança devemos valorizar o que a família tem de bom como a tradição, cultura, valores; e barrar eventuais empecilhos como ciúmes, desconfiança, desrespeito, mágoas, etc. Para isso existem regras, ferramentas, treinamentos.
Por outro lado, nenhuma prática de gestão supera a paz de espírito e bem-estar da família, demonstrando que cada grupo funciona de maneira diferente e única. As técnicas podem sofrer mudanças e devem adaptar-se às necessidades de cada caso. Precisamos aprender como gerir a empresa com mente aberta e confiança no futuro. Se sua empresa precisa implementar mecanismos de governança, ou se você deseja conhecer mais sobre sucessão familiar e planejamento patrimonial, entre em contato conosco e vamos conversar! Um grande abraço e até a próxima!
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